18 de abril de 2014

Sobre a morte...

Hoje eu acordei e antes mesmo de me levantar, dei uma espiadinha no facebook pelo celular. A primeira noticia que eu vi foi a nota de falecimento de um amigo da minha família. Um cara bacana pra caralho, animado, sempre de bom humor, sempre sorrindo, gente boníssima. Ele já foi prefeito aqui na cidade e sempre vinha nos churrascos aqui em casa. Aqueles mesmos que eu não costumo frequentar, mas qdo o Vagner tava eu dava uma passadinha pra trocar uma ideia com ele. Ai, hoje de manhã ele morreu. O velório será com pompa e circunstância  na câmara municipal, cheio de políticos e tenho certeza absoluta que todos, sem exceção vão falar bem dele, vão dizer que foi uma perda irreparável e essas falsidades todas. Eu não vou no velório. Eu não vou em velórios, nunca, a não ser que não possa evitar. Não há nada que eu possa fazer lá. Não vou ver o meu amigo que morreu, vou ver um corpo sem vida, só. Não vou confortar a família, pq não tem nada que conforte numa hora dessas. Também acho que se trata de uma cerimonia desagradável demais. Explico: se vc é da família ou um amigo muito chegado, vai estar muito triste e possivelmente vai chorar. Não acho que isso seja algo que se deva fazer na presença de estranhos ou meros conhecidos. Eu acho que o velório deveria ser uma coisa íntima, para que as pessoas pudessem ficar a vontade para se despedir do ente querido que morreu. As demais pessoas vão a velórios por imposição social, ou pior, por pura curiosidade. Gente que nem conhece ele direito, que nunca conversou despretensiosamente tomando uma gelada. Que nunca ouviu ele contando que se apaixonou pela esposa no primeiro olhar e que deu um duro danado pra conquistá-la. E é essa gente que fica reparando nas roupas dos outros, no que um disse, no que o outro fez. São essas pessoas que transformam a cerimônia de despedida num ato tragicômico e até ridículo. E nem vou falar nas "rezadeiras maria defunto" que aparecem sei lá de onde e começam a entoar um "♪segura na mão de deus..." sem nem se importar com a opção religiosa do pobre defunto ou da família. 
Eu também me recuso a ir em velórios por um motivo bem egoísta, eu tenho vergonha. Eu SEMPRE me comovo com a dor alheia, sou dessas, e se vou num velório, seja de um amigo ou um estranho, eu choro, como se fosse a viúva, um puta vexame.
Por essas e por outras eu proíbo todo e qualquer ser que eu ame de morrer, simples assim. Eu vou primeiro e fim de papo.

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